Os desafios sobre a falta de infraestrutura adequada em escolas de regiões mais pobres e isoladas e as metas nacionais para os próximos anos.

A leitura é a porta de entrada para o conhecimento, técnica que não se restringe às palavras, mas que também abre caminho para o entendimento crítico e a imaginação. Ensinar uma criança a ler não é simplesmente ensiná-la a traduzir códigos, vai muito além do aprendizado básico das letras, é estimular a capacidade de interpretar o mundo ao seu redor. Embora avanços significativos nas últimas décadas, os índices de alfabetização no Brasil ainda refletem desigualdades raciais, regionais e socioeconômicas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de alfabetização chega a 93% da população brasileira, subindo quase 20 pontos percentuais nas últimas 6 décadas. Contudo, o novo recorte com base no Censo 2022 mostra que o nível não é uniforme considerando as 5 regiões do país, a Região Sul se mantém com a maior taxa de 96,6%, em seguida a Região Sudeste com 96,1%, mas o percentual da Região Norte passa para 91,8% e a Região Nordeste para 85,8%, embora tenha apresentado aumento, permanece o indicador mais baixo do país.
Nas comunidades pretas e indígenas, a falta de acesso a uma educação de qualidade ainda reflete diferenças nos pontos percentuais. Em 2022, a taxa de analfabetismo de pessoas de cor ou raça branca e amarela com 15 anos ou mais era de 4,3% e de 2,5%, respectivamente, enquanto a taxa de analfabetismo de pretos, pardos e indígenas na mesma faixa etária era de 10,1%, 8,8% e 16,1%, respectivamente (Dados divulgados pela Agência Brasil).

Por outro lado, em 2023, 56% das crianças brasileiras das redes públicas alcançaram o estágio de alfabetização esperado para o 2º ano do ensino fundamental, definido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira (Inep), recuperando o desempenho anterior à pandemia da Covid-19. O governo estabeleceu metas progressivas para que, ao final de 2030, mais de 80% das crianças sejam alfabetizadas na idade certa, por meio do programa Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado pelo MEC. A não alfabetização na idade adequada é um problema que reflete ao longo da vida dos estudantes, podendo resultar no abandono do ensino.
Esse processo enfrenta inúmeros desafios no país, reforçando a vulnerabilidade das comunidades mais pobres e ampliando o abismo educacional. A falta de acesso a livros e materiais em muitas escolas compromete o desenvolvimento da leitura entre os alunos. Para a população preta e indígena, o legado do racismo estrutural ignora ou desvaloriza as tradições orais, as línguas nativas e inviabiliza autores e personagens representativos nos livros escolares, necessários no processo de integração de identidades culturais.
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